As grandes empresas digitais estão revolucionando a sociedade da informação. Graças à natureza global da Internet e à padronização, oferecem experiências de compra com soluções de valor agregado em muitos casos sem custo aparente, situação sem precedentes em nossa história. Mal começamos a transformação digital e a era da inteligência artificial para a humanidade e neste cenário, o sucesso das redes de pagamentos tradicionais tem o grande desafio de se transformar, respondendo a essa equação: “Atendimento com tecnologia, inovação e talento”.
Meio de pagamento: uma renovação urgente
Comodidade e segurança são pilares fundamentais em qualquer meio de pagamento, desde os tempos do escambo como forma de troca de bens e serviços até a introdução do sistema fiduciário ou o surgimento dos cartões de crédito no início do século XX. Os cartões, inicialmente concebidos para oferecer tratamento preferencial e linhas de crédito gratuitas a clientes selecionados em seus estabelecimentos, evoluíram para sua utilização massiva por meio de Terminais de Ponto de Venda (doravante, terminais POS de pagamento), que entraram no mercado na década de 1980.
Desde então, os terminais POS de pagamento evoluíram em Espanha de acordo com os requisitos tecnológicos e regulamentares, mas com operações insuficientes para responder às necessidades explícitas e implícitas exigidas pelos comerciantes e titulares de cartões.
Essas deficiências tornaram-se oportunidades para as empresas que oferecem diferenciação e futuro. É urgente reagir para revitalizar um mercado normalizado onde o “café para todos” é usado como receita para obter economia nos custos operacionais, enquanto se desperdiçam capacidades tecnológicas que obscurecem as ameaças e oportunidades para a digitalização chegar também às redes de pagamento.
Apesar da posição ainda dominante destas redes, os terminais POS de pagamento são hoje dispositivos com capacidades subutilizadas, capazes de melhorar notavelmente a experiência de pagamento e gerar negócios induzidos. Redesenhar a interface do usuário, tornando-a semelhante à do smartphone como um claro caso de sucesso, com uma arquitetura de software renovada para ganhar agilidade, exclusividade e independência do hardware, abandonando a armadilha do design básico e geral, são melhorias fundamentais. Dessa forma, atenderemos às necessidades das empresas em vez de concentrá-las em um único sistema ou dispositivo. Eles poderão selecionar terminais e aplicativos sob um modelo de negócios baseado em “participação de receita” que reconquiste o consumidor e fidelize.
Rumo a um novo modelo de negócios
Proporcionar uma experiência única que atenda às necessidades presentes e futuras dos estabelecimentos (e portadores de cartões) significa oferecer a eles soluções de alto valor, personalizadas e segmentadas que os ajudem a vender mais e melhor. Alguns exemplos como dividir a nota fiscal de venda, solicitar um táxi, emitir nota fiscal, associar seguro ao produto adquirido, reservar mesa, gerenciar gorjetas, descontos ou brindes, comprar passe de transporte, recarregar celular pré-pago, conectar com a caixa , oferecendo controle de presença, relatórios online, … já são viáveis.
O fim do referido “café para todos” motivará o nascimento de um ecossistema próprio, baseado num Marketplace da entidade adquirente, que fidelizará de forma personalizada cada cliente através de produtos que lhe são familiares pela sua aparência e usabilidade.
É hora de aproveitar a redução de preços e a flexibilidade oferecida pelos terminais POS com arquiteturas abertas, Android e Linux, para a cocriação de modelos de negócios que proporcionem novas fontes de receita. Permitir que terceiros desenvolvam aplicativos de valor agregado (com ou sem uso de pagamento) e os ofereçam a comerciantes (gratuitos ou pagos) em seu ecossistema do Marketplace é o primeiro passo.
Estamos à beira de uma transformação do negócio de rede de pagamentos, onde não será mais tão importante quanto o lojista paga pelo POS ou pela transação ao banco adquirente, mas quanto o lojista ganhará por ter um POS ou outro em função do valor acrescentado que proporciona. Quem conseguir transformar esse modelo dominará o setor.